Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Teimosia (Final)

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Domingo seguinte, o padre, na maior calma do mundo, celebra uma missa tranqüila, sem ter que anunciar nenhum casamento. De repente, o homenzinho das missas anteriores, nas carreiras, entra na igreja. Aos gritos, chama a atenção de todo o mundo.
- Eu lhe avisei que aquele casamento não iria dar certo. Os dois já se separaram. Culpa da sua teimosia. Nunca vi um padre tão cabeça-dura?
- Vá encher o saco de outro, seu baixinho atrevido. Como é que vens desacatar um padre em plena missa? Que o diabo te carregue!
O homenzinho saiu da igreja todo alegre. Tinha provado ao padre quem estava certo. Ninguém quis assistir o restante da missa. O padre? Até hoje tenta arranjar uma vaga para o baixinho, no inferno.

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