Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

sábado, 25 de setembro de 2010

Teimosia (Primeira parte)

- Pretendem se casar, João Raimundo da Silva e Clarice dos Santos Azevedo. Se alguém tiver algo que possa tornar essa união sem efeito, diga agora ou cale-se para sempre.
- Eu tenho, padre.
- Então diga logo meu filho.
- Conheço bem as duas famílias. São inimigas. Se esse casamento se consumar, logo vai ter fim. Por isso, é melhor não casá-los.
- Mas meu filho, isso não é motivo para que eu não case os dois jovens. Eles se amam e isso é o que basta.
- Depois o senhor não diz que eu não avisei.
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Novo domingo. Nova missa, a mesma história.
- Pretendem se casar, João Raimundo da Silva e Clarice dos Santos Azevedo. Se alguém souber de algo que possa tornar esse casamento sem efeito, que fale agora ou cale-se para sempre.
- Padre...
- Você de novo? O que é agora?

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