Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

O limite da coragem (Segunda parte)

Toda vez que o Alfredo dizia que vinha para Sena Madureira, eu ficava contando as horas para ouvir novas histórias. Quando ele chegava, não podia faltar um pudim de leite, duplo.
Naquele dia, o Alfredo tinha acabado de chegar, por volta das cinco e meia da tarde. Foi na casa do tio Walfredo, antes de ir lá pra casa, e comeu um pudim inteiro. Ao chegar em casa, para não magoar minha mãe e muito mais para satisfazer a gula, Alfredo comeu a metade do pudim duplo que ela sempre fazia quando ele chegava. Não demorou muito e o Alfredo levanta soltando um tremendo peido, como ele sempre fazia. Todas a vezes que chegava em Sena, mal pisava na varanda, o Alfredo soltava um peido a cada passo e o Paulo Guedes respondia com outro. Eram três minutos de guerra.

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