Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

segunda-feira, 7 de março de 2011

Mulher

Não és mulher por um dia.
És mulher o dia todo.
Não vences uma guerra.
Vences batalhas.
Derrotas os cânceres.
Os cancros.
Os imbecis.
Os viris.
Vírus.
Virais companheiros.
Que te sugam o sangue.
As mamas.
As lembranças.
Os direitos.
Esses machos.
Machistas.
Marxistas.
Machões.
Anões.
Mínimos seres.
A ti oprimirem.
Faquires.
Safados devires.
A domarem almas.
Chorarem dramas.
Apenas pra te levar pra cama.
Amas.
Não amas.
Finges que ama.
Drama.
Choras.
Rires.
Gozas.
Eles doidos.
Malucos.
Famélicos.
Fálicos.
Sonham.
Imaginam.
Que é pelos vossos falos.
Fálicos.
Famélicos.
Famigerados fodélicos.
Idiotas.
Imbecis.
Eternos viris.
Verão.
A força delas.
Em cada varão.
Varados.
Vazados.
Idiotizados.
Homens do mercado.

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