Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

terça-feira, 19 de abril de 2011

Obnubilado

Só existo
Se você me olhar.
Só sou gente
Se por ti for amado.
Se me jogas nas ruas
Nessa vida crua
Feita de agruras
Perco a inocência
Faço da indecência
Regra de conduta.
Por trás do vidro fumê
Finges que não me vê
Ignoraras o amor
Que a ti dediquei no início.
Hoje estou no vício
Caído pelas sarjetas
Como lixo no mundo
Esqueces que por um segundo
Um dia fui teu amor.
Vi dentro do teu carro importado
Um vulto de mão estendida
Um toque no botão automático
Cerra a possibilidade
De uma troca de olhares
De minutos de saudades.
Hoje pra ti sou pedinte
A mendigar um sorriso.
Vai, sê feliz com o outro
Que te deu luxo e riqueza.
Que eu fico com as lembranças
De mais um ato de frieza.

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