Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Agonia


Dobro os joelhos, caio em prantos aos teus pés
Em ti deposito minhas esperanças
De vida, de amor, de renascimento.
De um dia ter nobre sentimento.
Que seja dor, ternura, compaixão
Baldes de terra em cima do caixão
A promover lenta escuridão
Nesses meus sete palmos de quarto.
Quando nenhuma luz restar pelas frestas
Tento levantar a tampa, abrir as portas.
A paralisia prende minhas costas
Faltam-me forças, foge a respiração.
Tento um pouco mais de ar
Você já sumiu.
Tudo era mágico, encanto, ternura
Minuto a minuto, loucura, tontura
Viver sem te ter, eterna tortura.

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