Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Ritual


Desejo despir o teu corpo
A partir do momento que tocar teu rosto
Deixar a ponta dos dedos
Descobri segredos
E invadir tua alma em longo ritual.
De entrega mansa desses corpos quentes
Sem nenhuma pressa de ao fim chegar
Tuas carnes firmes provocam a mente
Dobro os joelhos na entrega total.
Então de faço santa e em adoração
Sinto cada milímetro do teu corpo-imagem
Até a textura dessa tatuagem
Que a roupa esconde sempre que te vejo.
São teus os meus dias, noites mais eternas
Cada vez que exploro tua doce caverna
E sinto os sabores na ponta da língua
Como se cada coxa fosse uma esquina
Nesse rito bendito, sorvo teus gemidos
Mordo todos os teus lábios, languido atrevido
E perco os sentidos ao ouvir teus urros
Descanso em teu ventre quase morto-vivo.

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