Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Independência


Dizem que o grito foi “independência ou morte”
Dado lá para as bandas do Ipiranga
Pois eu grito “quero ser de ti dependente”
Nem que seja lá em Itapiranga.
Morte? Só se não puder tê-la
Nos braços, minha noite e dia
Prefiro ser um dependente mal-acompanhado
A ser um independente, morto, e só.
Nem morto de saudade quero estar
Porque você não estará comigo
Na lembrança não é o melhor lugar
Para se ter alguém: nem amor antigo.
Às margens de um rio quero tê-la nua
Que os gritos sejam urros de prazer
Às favas com o Sete de Setembro
Não há hora nem dia pra te ver.

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