Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Canções


Professo um estilo de vida
Que não se encontra em cada esquina
Que não se confunde com bem-querer
Esconde nos gestos imenso prazer.
De passar pelo mundo como um vagabundo
Um ser que não se curva às convenções
Abomina regras, destrói os padrões
Vive mundo agora a fazer canções.
Não dá conselhos, nem distribui fórmulas
Faz da contrarreforma seu jeito de ser
Consome tapioca, pamonha ou canjica
E na humildade onde mais se fixa
Como marca sincera das suas emoções.
Vaga bar em bar a tomar um pileque
Descobre o prazer de ser doce moleque
A passar dos limites impostos pelo coletivo
E a gozar cada segundo de um ser afetivo.

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