Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

domingo, 19 de maio de 2013

Temperamentos

Amor-maior nenhum é capaz de resistir
Aos constantes e duros choques
Dos temperamentos destemperados
A dor passa a ser maior que o amor
São duros e profundos os golpes
E cada um vai pro seu lado.
Para avaliar, pensar, medir
Como se o amor verdadeiro tivesse medida
São os primeiros sinais de que os encontros
Caminham para uma eterna despedida.
Se os dois já conseguem pesar
Os prós e os contra de uma relação
É porque não souberam administrar
O que vem depois do amor e do tesão.
"Difícil achar", "raro viver" e daí!
Se estou cá, você aí!
E o nosso destempero
Enterra os sonhos antes de nascê-los?!
Amor jamais será a união de iguais
Não te quero igual a mim
Com todos os defeitos e qualidades
Amo-te, perdidamente, mesmo assim.
Os encontros, infelizmente, parecem
Ser o começo das despedidas
Quando defeitos e dores só resplandecem
Nada mais há o que fazer na vida.
Resta-me o consolo e a certeza
De que te amei puro e incondicionalmente
E que não apagarei da alma e da mente
Teu sorriso lindo, tua leveza.
Vai, avalia, pesa e mede
Ponha nosso amor na balança
E se algo de bom ficou?
Mantenha-me pelo menos na lembrança!


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