Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Meio moderno

Vejo no fundo dos teus olhos
Um brilho maior que o normal
Estás mesmo apaixonada,
Ou é sentimento venial?
Dizem-me que sim, os sinais
E a cada dia, muito mais
Nosso amor tem jeito de eterno
Sem ser algo, assim, meio moderno.
Ao nos entregarmos ao prazer
De moderno não temos nada
Somos dois animais a padecer
A saudade de querer e não ter nada.
Passamos a viver de saudade
Porque se morrer não a teremos
Tua falta, para a minha sorte
Dois fundo mas não é de morte.


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