Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

domingo, 7 de dezembro de 2014

Esfinge

Você me trata como seu eu fosse
Uma parte, um pedaço do seu doce
Que saboreias quando der, quando desejas
Independente de quem eu seja.
Como se eu fosse uma parte morta
Da tua fatia, da tua torta
A servir para te deliciar
Quando arde o desejo de amar.
Queria ser teu parceiro
Fazer parte do teu travesseiro
Viver contigo cada momento
De todos os meus eventos.
Mas, não posso, tenho de estar
A todo momento a te admirar
De longe, como quem finge
A endeusar uma esfinge.


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