Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

sexta-feira, 3 de abril de 2015

Meu ninho

Sinto mais do que devo
Tudo o que de ti recebo
Ou sou extremamente sensível
Ou um ser horrível
Mas ser ferido é forte
Por quem se teve a sorte
De descobrir o amor
Aumenta ainda mais a dor.
Dói mais do que deveria
Pois jamais se imaginaria
Que um ferisse tanto o outro
Mesmo que não seja por gosto.
Por isso tudo da bela
Machuca tanto a fera.
Porque da bela só espero
Tudo o que mais quero
Amor, desejo e carinho
Para esquentar o meu ninho.


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