Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

terça-feira, 9 de junho de 2015

Pegadas

Pegadas não marcam a praia
Com tanta profundidade
Quanto marca a tua saudade
Ao deixar que você saia.
E vá embora sem mim
Como as espumas somem na areia
É uma dor quase sem fim
No horizonte some a sereia.
Imaginária que habita meu mar
De sonhos que tenho ao te amar
Engolidas se vão as espumas
Pelas areias e as dunas.
Assim como engolido fico
Pela saudade e pelos sonhos
Da solidão do mar desisto
Para não ser enfadonho.
Quero-te aqui, comigo
Vem para ser o meu abrigo
Na areia, na praia, no mar
Em tudo quero te amar.


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