Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Arte

As vezes que passo ao teu lado
É como se passasse pela frente
Sinto-me inteiramente incomodado
Mordo a língua entre os dentes.
Sinto até o sangue brotar
Quando te vejo passar
A língua parece ser, de ti, uma parte
Em pensamento, contigo, faço arte.
Da arte de amar, sem pouco
De ser amado, menos ainda
Mas, quando me deixas louco
Entendo porque és bem-vinda.
E da minha vida tomas conta
A arte do amor apronta
Cria situações inusitadas
E te tornas minha amada.


Nenhum comentário:

Postar um comentário