Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

segunda-feira, 21 de março de 2016

Indiferença

É triste você voltar
E ser recebido com indiferença
O peito chegar a rasgar
Abala toda a tua crença.
A sensação é de estranheza
De uma profunda frieza
Parece até que algo mudou
E você nada falou.
Talvez nem venha a falar
Não escondes a desesperança
Fico sem saber o que pensar
Perdi a tua confiança?
Algo tem acontecido
E não está esclarecido
Só sei que você esfriou
E de mim já se afastou.
E ao se afastar mais esfria
Sempre um pouco mais
Talvez esteja perto o dia
Do fim que eu não quis jamais.


Nenhum comentário:

Postar um comentário