Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Desesperador

Algo te domina por inteiro
Você quer que seja Janeiro
Mas dezembro mal chegou.
Tudo o que você mastiga
Embola, cresce e espanta
Aumenta o nó na garganta.
A vida perdeu o brilho
TUDO perdeu o trilho
Você me abandonou.
Do peito saiu a alegria
Deu lugar à pneumonia
Meu quadro é desesperador.
E haja a escrever poema
Esperar um telefonema
O sonho desmoronou.
A data era especial
Seria um presente divinal
Só o silencio prosperou.
Deu a hora do almoço
E eu ainda a sonhar:
“Sei, ela vai me ligar.”
Às 4 horas da tarde
Um SMS sem alarde
Pergunta “está tudo bem?”.
Os olhos se encheram de lágrimas
Como pude me enganar
Com quem mais cheguei a amar?
Mereço cada gota de fel
Este imenso nó na garganta
A dor ainda me espanta.
Apego-me ao Santo Sudário
Nem a data do meu aniversário
Você conseguiu lembrar.
Sinto-me lixo, descartado
Um mero objeto jogado
Eis a dor de se amar.
Nunca pensei que doesse tanto
Engulo um punhal do espanto
Meu peito não pára de sangrar.
Enquanto o peito escorria
Incrédulo, teu SMS eu lia:
“Há coisas que só o tempo pode curar.”
Prefiro lembrar cada palavra
De tudo o que me foi dito
No teu poema “Acredito”:
“Acredito neste amor
Que me fez enlouquecer
Acredito neste amor
Que me fez descobrir
Tantas coisas maravilhosas.
Acredito neste amor
Que me invade a alma,
O corpo, o coração inteiro
Acredito que este sentimento
Já demonstrou ter uma força incomparável
TE AMO DESESPERADAMENTE!
LOUCAMENTE!
APAIXONADAMENTE!
Confio, amo e te desejo
Como à doce delícia de um beijo!”
Por mais que hoje seja desesperador
Que eu enfrente a pior dor
Prefiro lembrar sempre de ti
Pelas doces palavras de amor.
Ditas no poema “Acredito”
Só a mim enviado:
Um dia, por ti, fui amado.


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