Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

A cada quatro anos

Lembro quando em 2009
Meu peito de mágoa carregado
Quatro anos se passaram
E nada ficou no passado.
Um pedido de desculpas, um abraço
Apagou qualquer traço
Era o ano de 2013
Mais quatro anos se passaram.
Desde então, só amor
Algum tempero de dor
Nada, porém, tão grave
Que qualquer mágoa voltasse.
Sonhei, vivi e amei
Como se fosse um viciado
Tudo de mágoa enterrei
Ao longe, lá no passado.
Um ato muito bem pensado
Consciente e avaliado
Destroçou meu coração
Provocou nova implosão.
Como em 2009 estou ferido
Todas as coisas voltaram
Como pude ter me iludido?
De novo, quatro anos se passaram!


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