Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

sábado, 3 de junho de 2017

Realidade

Já não sei mais o que chorar
Com este teu jeito de demonstrar
Que não sou nada, só um raso
Fruto, talvez, de mero acaso.
É como se o ocorrido
Você tivesse banido
E nada significasse
O que comigo passaste.
Sou fruto do inexplicável
Embora tenha sido adorável
Mas se tivesse de escolher
Eu que aguentasse o sofrer.
Sofro não é pelo acaso
Muito mais pelo descaso
A frieza com que me tratas
Provoca minhas bravatas.
Confesso, quero me afastar
E deixar que você decida
Sei que já escolheu quem amar
E o que é melhor para a tua vida.
E este alguém não sou eu
Sempre fui avisado
É o fim do sonho meu
De viver e morrer ao teu lado.


Nenhum comentário:

Postar um comentário