Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

sexta-feira, 13 de outubro de 2017

Muro

Importa pouco estar distante
Vale mesmo é seguir adiante
Certo de que és meu escudo
Longe, não escolho o muro
Levanto o pé, encosto as costas
A mão no queixo, como gostas
Seja no claro ou no escuro
Você na mente, sou mais seguro.
Embora triste por dentro esteja
Ainda quero que você me veja
Mas, pensativo, sonho talvez
Eternos flashes da tua nudez.
Sei que ninguém seria capaz
De entender a minha tristeza
Ali no muro pareço em paz
Longe de ti a vida é dureza.


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