Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

terça-feira, 17 de abril de 2018

Ilusões


Sou meio assim, teu
Um eterno quase-ateu
Daqueles desesperados
Ao não te vir ao lado.
Deixei de me amar por ti
Agora estou só aqui
Amor assim existe
Ou não passe de fetiche?
Quando você não se ama
O mundo acaba, se derrama
Fica só sensação de vazio
Passo a me sentir um vadio.
De longe não tenho nada
De perto, pior ainda
Você seguiu sua estrada
E eu aqui na berlinda.
Só vivo da nossa lembrança
E me apego às recordações
Se ainda tenho esperança:
Teimo em viver de ilusões.


Nenhum comentário:

Postar um comentário